Bichinho MG. Parte III.

Trate-se do negro - importante ressaltar- Vitoriano Gonçalves Veloso, o qual também pertenceu à cavalaria mineira como alferes, assim como Tiradentes, porém com mais habilidades ao cavalo, tanto que era o principal mensageiro dos inconfidentes. Vitoriano Veloso era filho de uma escrava com pai branco, nascido em 1738 num lugarejo conhecido como Gruta do Ouro que depois - por vícios de fala - virou Gritadouro e depois Gritador, mas hoje guarda seu nome, Vitoriano Veloso-MG, distrito de Prados-MG.

Depois de ser alfaiate - ora, Tiradentes arrancava os caninos - foi feito alferes dos pardos da Comarca do Rio das Mortes e, ao se juntar ao movimento rebelde, foi posto como mensageiro de confiança dos conjurados. Era um sujeito destemido o tal galopeiro da Inconfidência. A presteza do alferes Vitoriano - subtenente -, eis, que conhecia bem a estrada real, assim como sua devoção aos pedidos de mensagem, ficaram evidenciados por pesquisadores ao concluírem que ele teria percorrido cerca de 240 quilômetros em três dia e duas noites em montaria, depois de 10 de maio de 1789, avisando aos conjurados encontrados - entre Prados e Vila Rica - das prisões ocorridas no Rio de Janeiro envolvendo Silvério Reis e Tiradentes.

Quando o alferes Vitoriano foi preso é que realmente foi possível constatar a rapidez de suas cavalgadas. Lá, nos autos da Devassa - processo - foi ouvido oito vezes. A sétima  vez foi em 22 de janeiro de 1790. Mantido preso, a oitava vez aconteceu no ano seguinte e, somente uma ano e três meses depois (1792), tomou conhecimento de sua sentença: degredo perpétuo para Moçambique, África. Tiradentes já havia sido enforcado no dia 21 de abril de 1792. No dia 16 de maio do mesmo ano, Vitoriano Veloso foi torturado mediante açoite como pena adicional por ser negro. Foi chibatado enquanto dava três voltas aos pés da mesma forca que havia matado o mártir da Inconfidência.

Igreja Nossa Senhora da Penha de França.

A obra para a construção da Igreja foi iniciada por volta de 1732, e foi concluída em 1771, juntamente com o povoado, teve origem no século XVIII, como decorrência dos assentamentos dos bandeirantes, e outros mineradores interessados na exploração do ouro. Nesse tempo, a Igreja e todo o núcleo histórico do povoado, passou por processo de tombamento, para preservar a rica história local.

Sua fachada simples não evidencia a riqueza de seu interior, dominado por belíssimas pinturas no estilo rococó. A ornamentação pictórica é atribuída a Manoel Victor de Jesus, que soube valorizar, sobretudo, os forros e púlpitos da Igreja. Foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Nacional (IPHAN) em 1949, sofrendo acréscimos na parte lateral de sua edificação, dois anos mais tarde.

Depois do flagelo, e para cumprir sua pena principal em Moçambique, embarcou em 22 de maio do mesmo ano, juntamente com Tomás Antônio Gonzaga e outros condenados. Embarcou para não mais voltar. Morreu no degredo, mas restaram seus despojos que encontram-se no Panteão do Museu da Inconfidência, Ouro Preto Minas Gerais. Vitoriano foi o único negro do movimento separatista e o único a receber chibatadas pelo caminho, até chegar ao patíbulo, pelo "horroroso crime de alta traição, com a mais escandalosa temeridade" contra a Coroa. Depois de Tiradentes, foi o mais castigado. Enquanto o alferes Tiradentes deu nome à famosa cidade mineira, o alferes Vitoriano Veloso deu nome ao simples povoado onde nasceu, hoje distrito, que já pertenceu à cidade de Tiradentes, mas hoje pertence a Prados, e mais conhecido por "Bichinho", apelido famoso e que ofusca o nome do seu valoroso nativo.

Fontes: www.maislugares.com

www.bichinho.net

www.agora.com.vc/noticia/o-outro-alferes/