Dueto. Niterói RJ.

Débora Carneiro da Cunha e Márcia C. Cavalcante. Que singular sintonia a atravessar o conhecimento. Torna-se quase impossível mante-los separados por se relacionarem mutuamente. A sonoridade do que ali para chaga na a nossas mentes em uníssono, em dueto sutil. 

No universo lúdico de Márcia, personagens narram cada qual a sua história, reunidos como por acaso no perímetro do quadrado. Todos vibram por si com intensidade diferentes. Mantêm uma certa impenetrabilidade. Essa bivalência percorre com simplicidade , e por vezes com ironia, um mundo atravessado por breve sobressaltos.

Na iconografia de Débora formas hibridas apresentam diferentes formulações em que a articulação clara e abandonada em prol do fluxo intuitivo. Com liberdade de cor, figuras que preenchem uma função definida. Mas algo se desfigura, nega a beleza dos motivos reais, pondo a ordem em questionamento.

Impossível responder a todas as indagações que ambas artistas formulam. O que se percebe e preocupação, crítica, humor com realidade. Suas obras interrompem o sentido lógico e nos imergem num lugar desconcertante onde o real e imaginário se reúnem. Uma visão que adquirimos ao final do caminho a respeito da mutabilidade do ser.

Lia do Rio - 2023