domingo, 14 de setembro de 2025

Mercedes Lachmann. Rio de Janeiro RJ.

    Pelas mãos do tempo, pontas de flechas seguem sendo os vestígios mais persistentes das culturas que nos antecederam.









   Encontradas em coleções arqueológicas em todo o mundo, elas carregam consigo não apenas o engenho técnico de quem as moldou, mas também os paradigmas de quem as interpreta.









   No olhar Ocidental, elas costumam ser lidas como marcas de estágios civilizatórios - mais ou menos avançados - conforme o grau de solidificação de seu fabrico ou o tipo de matéria empregada.









   São indexadas às guerras, os confrontos, às conquistas - uma narrativa linear da humanidade, pautada pelo progresso e pelo domínio.









   Mas a flecha desta exposição, inicialmente apresentada no Museu Internacional da Escultura Contemporânea, em Santo Tirso, Portugal, não obedece linhas retas.









   Ela é curva, múltipla, corpo, língua, símbolo e cura. Ela não rasga, costura. Ela não separa, convoca. Ao invés do extermínio, seu trajeto é encantamento.

   CRISTINA TEJO
Curadoria 
Casa França-Brasil

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